Capítulo 5
                                    Compartilhando Tristezas
     
     Já era noite e as lágrimas da decepção sofrida ainda corriam no meu rosto. Minha mãe sempre chegava tarde do trabalho, assim, poderia chorar o quanto quisesse até finalmente conseguir dormir.
     O celular despertou e fui até a escola. O fim de semana havia passado, mas minha tristeza não. Eu já imaginara que não conseguiria assistir aula, minha mente só conseguia lembrar-se daquelas palavras, no silêncio, só pensava nele.
     Quando estava indo a escola, quase não falei nada com Emily.
     — O que foi Kate? – Me perguntou Emily – Você está tão calada hoje, aconteceu alguma coisa?
     — Aconteceu sim, tudo Emy, tudo de ruim...
     As lágrimas começaram a cair e ela percebeu que eu estava realmente triste.
     — O que foi amiga? Por que você está tão triste?
     — O Brendon...
     — O que foi? Ele te machucou?
     — Machucou, machucou o meu coração, ele está apaixonado e me perguntou o que fazer...
     — E o que você fez?
     — Eu de idiota falei pra ele se declarar pra menina. Fora a coisa mais tola que eu fiz. Por que ao invés de falar pra ele ficar com a menina, eu não falei que gostava dele?
     — Ah! Amiga não fica assim!
     — Como não ficar? Depois disso, eu chorei, e ele veio me consolar e ainda disse que eu sou uma ótima amiga, AMIGA, sabe como isso doeu em mim?
     — Nossa! Se ele soubesse que você gosta dele, talvez ao menos vocês ficassem.
     — Talvez, mas agora não adianta nada, ele ama outra.
     — Percorremos o resto do caminho em silêncio e quando chegamos na escola fui direto pra sala, não abracei ninguém, como era de costume.
     — O que você tem Kate? – Me perguntou Carol.
     — Não é nada, não se preocupe.
     — Durante as aulas eu fiquei calada, não tinha motivos pra falar, o que foi ruim. A cada palavra que deveria dizer, e não disse, só fez lembrar-me daquelas palavras ditas por ele. As lágrimas começaram a cair.
     — Meu Deus!O que você tem? Por que você tá tão triste, chorando?
     — Fiquei calada.
     — Vai, me conta, por favor, quero te ajudar!
     — É que, o Brendon, ele tá apaixonado por outra.
     — É por isso?
     — É sim. Ah “véi”, eu tô triste mesmo, ainda que eu fale pra ele que eu o amo, não vai adiantar de nada.
     — Não fica assim não amiga; ele vai perceber que também gosta de você, agora enxuga as lágrimas vai!
     — Tá bom, eu vou tentar me animar.
     — É bom mesmo. Rum...
     — Rs!
     Depois de conversar com a Carol até que me animei um pouco. Ela me fez perceber que mesmo chorando por ele, minhas lágrimas não iriam adiantar; a final, ele não saberia que eu chorava por ele.
     — Eu tivera um horário a menos e fui à casa de minha melhor amiga Samara.
     — Samaraaaaaaaaa – A gritei do portão
     — Já vou – Respondeu-me ela.
     Esperei até que ela viesse abrir o portão.
     — Oi Kate
     — Oi Mara, tudo bem?
     — Tudo – Falou ela enquanto me abraçava.
     — Quando entramos cumprimentei sua mãe Marta e seu irmão Matheus.
     Matheus levantou-se e me deu um abraço e um beijo no rosto.
     Eu e Matheus éramos muito próximos, apesar de quase não nos vermos, ele era meu melhor amigo.
     — Como você tá? Tem tempo que a gente não se ver né? – Falou ele.
     — Pois é; eu tô bem sim.
     — Dirigi-me ao quarto de Samara para podermos ter um pouco de privacidade.
     — E então, quais são as “novas”?
     — Todas
     — Hum... Já até sei, esse seu sorrisinho tímido no rosto quer dizer felicidade, e acho que um pouco de tristeza também.
     — É eu tô feliz mesmo, e também triste.
     — E tem como ficar feliz e triste ao mesmo tempo?
     — Tem sim, vou te explicar
     — Explica mesmo que eu estou confusa.
     — Isso se resume em oito palavras: eu estou apaixonada, ele também está, por outra.
     — Nossa! Isso deve ser muito ruim.
     — É sim, pior do que você imagina.
     Samara foi terminar de se arrumar pra escola, ela estudava à tarde.
     Fiquei sentada em sua cama por algum tempo.
     — O que foi Kate? – Perguntou-me Matheus
     — Ah! Não é nada, eu só estou meio triste. Só isso
     — O que foi? Me conta...
     — É que... Nada, são problemas pessoais.
     Quando percebi estava chorando, e ele percebeu isso.
     — Não fica assim, tão triste, não suporto ver uma menina linda chorando, você e minha melhor amiga Kate, o que foi?
     Insistiu ele abraçando-me.
     Escapei de suas grandes mãos
     — Me deixa, por favor.
     Peguei minhas coisas e saí correndo.
     Eu estava do lado de fora quando estava vindo um carro, – buzinando loucamente, – em minha direção.
     Quando o carro já estava bem perto uma grande mão me puxa pra longe.
     — O que você tem? Você se drogou? Tá ficando louca?
     Abracei ele fortemente por ter salvo minha vida.

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