Capítulo 4
                                         Decepção
     
     Ele permaneceu em silêncio por alguns segundos.
     — É que...
     — O que? Fala logo, você está me deixando curiosa...
     — É que eu tô gostando de uma menina...
     — Sério?
     Imaginei porque ele teria falado essa frase, “gay” ele não era. Comecei a sonhar que essa garota fosse eu.
     — É.
     — E quem é ela?
     — Ah você não a conhece...
     Essas palavras doeram profundamente em meu peito. Porque eu sonhara que essa garota fosse eu? Eu já imaginara iria me decepcionar, me magoar...
     — E o que eu tenho a ver?
     — Eu queria um conselho e se eu fosse falar com eles, – Falou ele apontando pra dentro da minha casa – Eles iriam zuar de mim.
     — Ah! Já entendi... E que tipo de conselho eu poderia te dar – Falei com desânimo total.
     — Eu queria que você me dissesse o que faria no meu lugar...
     — Bom... Seu você realmente gosta, de verdade, da pessoa, você deveria “abrir o jogo” se declarar, existe uma mulher que não goste desse tipo de coisa? Brendon, se você esta apaixonado de verdade, faça o que tem que ser feito – Falei as palavras com tanta emoção que comecei a lacrimejar.
     — Nossa! Obrigada.
     — De nada; eu fiz o meu melhor. – Falei com as lágrimas começando a cair.
     — Você tá chorando?
     — Não, acho que coloquei emoção demais nas palavras. – Dei uma desculpa “esfarrapada”.
     — Você está apaixonada também não é?
     — Não, é só que...
     — Ah, fala vai...
     — Eu acho melhor não.
     Entrei antes que ele insistisse de novo.
     Fui ao meu quarto e as lágrimas desceram. Fiquei bastante triste pelo conselho que dei ao garoto que eu amava. O dei de “mão beijada” a outra, o deixei escapar
     Ouvi alguém batendo na porta do meu quarto.
     — Entra – Falei.
     — Que foi Kate? Por que você está assim?
     — Não é nada Brendon...
     — É sim. Se você está triste eu vou ficar triste também. Não suporto ver uma menina tão linda chorando.
     — Obrigada.
     — Agora me conta vai.
     — Não existe nada pior do que um amor não correspondido...
     — É por isso?
     — É sim.
     — Não fica assim! Você vai ver tudo vai mudar.
     — Ele me fez deitar em seu largo ombro e depois me abraçou. Senti-me confortável com o calor de seu corpo e por um instante, insegura. Achava que a qualquer hora ele poderia estar beijando à outra, consolando a outra. Deixei os pensamentos pra lá e resolvi não estragar aquele momento, era o melhor de toda minha vida.
     — É melhor eu ir fazer o trabalho se não daqui a pouco vão me bater.
     — Tá bom, vai lá
     — Enxugue as lágrimas viu mocinha!
     — Tá bom.
     Depois de estar um pouco mais feliz e animada fui até a sala me juntar com o pessoal.
     — Entrei na sala cantando, bem baixo, um trechinho da música Bring me to live, de Evanescence.
     — How can you see into my eyes, like open doors...
     Quando percebi, estavam todos me aplaudindo. Perguntei-me como teriam ouvido se eu cantara tão baixo.
     — Você canta muito bem Kate. – Falou Brendon
     — Obrigada – Agradeci o elogio com um largo sorriso no rosto.
     — Você sorrindo fica bem mais bonita. – Falou ele.
     Dei um sorriso torto. Eu já estava vermelha em meio a tantos elogios.
     — Vem fazer companhia a nós, temos que cantar mesmo. Que tal nos dar uma mãozinha?
     — Tá bom. – Aceitei o convite sentando-me ao lado dele.
     Ele me abraçou e deu um leve sussurro em meu ouvido; fez o máximo de esforço pra ninguém ouvir.
     — Você é linda, e uma grande amiga Kate, obrigada.
     Fiquei feliz e triste ao mesmo tempo com aquelas palavras.

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