Prefácio
   
    E então a história se repete, mas desta vez, foi pior que antes. Por que tem que ser assim? Por que tudo é tão difícil e complicado? Esta é a minha vida, cheia de perguntas que nem sempre tem resposta.
    Eu era feliz, era, uma menina de 13 anos como qualquer outra, estudante e doida a certo ponto. Então eu me apaixonei, esse foi o pior erro da minha vida. Por quê? Essa é uma pergunta que parece fácil de responder, não para mim, se essa pergunta se refere a minha vida, ninguém jamais conseguirá respondê-la; é como se todos que tentassem, entrasse em um labirinto, um labirinto sem saída, cheio de tristezas, angústias, e o pior de tudo: amores não correspondidos.

                    Capítulo 1
                                       Onde tudo começou

     Eu não sabia o que era a paixão, até conhecer um garoto, aquele que eu jamais esquecera. O nome dele era Brendon, estudava com minha irmã, tinha 16 anos.
     Eu o conheci pelo MSN, estava no da minha irmã, e ele falou comigo.

Brendon diz:
Oi Rita, tudo bem?

Ritinha diz:
Oi, não é a Rita, é a irmã dela

Brendon diz:
Tudo bom?

Ritinha diz:
Sim e você?

Brendon diz:
Também, qual é o seu nome?

Ritinha diz:
Kate, e você é Brendon certo?

Brendon diz:
“Ahan”

Ritinha diz:
Você tá namorando a Rafaella não é?

Brendon diz:
Não mais, a gente terminou

Ritinha diz:
Ah! Ela mora na minha rua...

Brendon diz:
Hum! Você tem quantos anos?

Ritinha diz:
Tenho 13 e você?16?

Brendon diz:
Sim...

Ritinha diz:
Sabe; os garotos não olham muito pra mim, apesar deu ter 13 anos não tenho o “corpo” que uma garota da minha idade tem.
    
     Envio uma foto minha pra ele


Brendon diz:
Nossa! Você é tão linda!

Ritinha diz:
 Rs, obrigada. Pra falar a verdade, eu nunca fiquei com ninguém, os garotos de hoje, pelo menos a maioria, só se importam pras mais bonitas, com seus corpos bonitos e “bombados”

Brendon diz:
 Eu não sou assim não...

Ritinha diz:
É bom saber!

Brendon diz:
Bom, agora eu tenho que sair, foi bom conhecer você!

Ritinha diz:
Ok. Foi bom te conhecer também!

Brendon diz:
Tchau...

Ritinha diz:
Xau!

     Depois dessa conversa fiquei me perguntando: ele é alto, baixo, tem cabelo preto ou claro, qual a cor dos olhos dele... E acabou anoitecendo e eu ainda me perguntava como ele era, estava apaixonada sem ao menos conhecê-lo.
     Pela manhã, o celular despertou as 6:30 como sempre. Troquei de roupa, tomei café, escovei os dentes, arrumei o cabelo e saí pra escola.
     Eu estava na 7ª série do ensino fundamental e não tinha uma pessoa que não falasse comigo na sala de aula.
     — Oi Kate – Falou Carol sentando-se ao meu lado.
     — Oi – Respondi com tanta alegria que nem parecia um simples “oi”.
     — Nossa! Que alegria toda é essa?
     — É que eu conheci um garoto, não conheci exatamente, a gente só conversou pelo MSN...
     — E que garoto é esse?
     — Ah eu não sei muita coisa dele. Ele estuda com minha irmã e tem 16 anos...
     — E qual o nome dele?
     — É Brendon.
     — Nome bonito.
     — É sim!
     — Bom dia pessoal – Falou o professor de matemática ao entrar na sala de aula.
     E passaram as outras cinco entediantes aulas.
     Quando cheguei em casa, minha irmã me chamou para ir com ela fazer um trabalho e a primeira pergunta que eu a fiz foi se o Brendon iria também.
     — Vai sim – Ela me respondeu.
     No instante em que ela pronunciou essas duas palavras, meu coração disparou de tanta alegria.
     — Tá bom, então eu vou.
     Quando chegamos lá, só tinha chegado um amigo da minha irmã chamado Wellinton.
     — Oi, tudo bom? – O cumprimentei com um sorriso no rosto
     — Oi – Falou ele olhando para mim e pra Rita.
     — O que foi? – Perguntei confusa.
     — Vocês se parecem pra caramba, só não pelo fato de você parecer ser mais feliz.
     Minha irmã não era tão feliz quanto deveria, ela tinha tudo, casa, alimento, água, uma vida, mas ela não era tão feliz e sorridente quanto eu, às vezes ela me dava medo.
     Eu sorri com o que ele falou. Então do outro lado, estava vindo um garoto bem alto, cabelo castanho e a cor dos olhos não dava pra ver. Ele parecia um modelo, estava com a blusa do uniforme e segurando um skate na mão.
     — Quem é? – Perguntei a minha irmã.
     — É o Brendon.
     Olhei para trás novamente e ele já estava bem perto, ele tinha olhos castanhos. Quando ele nos alcançou me cumprimentou com um abraço e um beijo no rosto. Meu coração começou a bater tão forte que eu fiquei com vergonha de alguém ouvir.
     — Oi galera – Falou Brendon com os outros.
     — Vamos gente. – Minha irmã chama a todos para irem à biblioteca fazer o trabalho.
     Na biblioteca eles estavam discutindo sobre o aniversário de 50 anos de Brasília, eles tinham que fazer uma paródia e estavam quebrando a cabeça com isso.
     — Por que vocês não procuram na internet, sempre tem alguma coisa parecida...
     Todos fizeram uma careta que parecia dizer: Por que não pensei nisso antes? Sorri comigo mesma com aquela cena.
      — Boa idéia! Gostei da sua irmã Rita – Falou Brendon sorrindo pra mim.
      — Gente eu já vou – Falou André, outro amigo da minha mana.
      — Tchau – Falamos todos juntos que mais parecia um coral.
      — Vamos também Rita – Chamou Brendon.
      — Vamos.
      Wellinton também já havia ido junto com o André.
     Quando estávamos indo, Brendon estava com seu skate.
     — Minha irmã disse que quer um desse de presente de aniversário. Por que você não vai treinando?
     — Vai Rita, é fácil...
     — Não obrigada – Disse ela dispensando o convite – Por que você não tenta?
     — Por que não sou eu que quero um skate.
     — Ai!
     — Vai Kate – Insistiu Brendon
     — Tá bom, só porque eu não sou medrosa.
     Assim que eu subi e movimentei meu pé, o skate foi e eu fiquei... Caí de bunda no chão, todos inclusive eu riram.
     Ele me levantou com suas mãos pela minha cintura e eu me arrepie toda.
     — Tenta de novo eu não te deixo cair. – Falou Brendon insistindo novamente.
     Ele segurou aminha mão enquanto eu subia novamente no skate e me mostrou a forma correta de subir e dar o impulso com o pé. Dessa vez eu não caí e ele me segurou o tempo todo, parecia até um anjinho da guarda protegendo uma criança indefesa.
     Depois da comédia, ele foi pra casa. Eu e minha irmã Rita também.
     Finalmente eu conhecera o garoto dos meus sonhos, aquele pelo qual eu jamais sentira coisa parecida com o que eu sentia por ele.
     Eu sabia que não poderia jamais perdê-lo, eu o desejava mais do que qualquer coisa, agora, tudo o que importava pra mim era ele, nada mais, somente ele.
                          Capítulo 2
                                         Pensamentos
     

     Abri os meus olhos após o celular despertar e refleti: Será que foi só um sonho? Será mesmo que eu o conheci?
     — O que você achou dele Kate? – Me perguntou Rita.
     — Ele é lindo – Foi aí que me toquei, não foi um sonho – E eu acho que ele também gostou de mim.
     — Eu não estou falando do Brendon, eu estou falando do Wellinton.
     — Ah! Ele é feio.
     — Não, ele é um gato, gentil, ele fez até um desenho escrito “pequena menina triste” e eu amei, ficou muito fofo.
     — Mais ele é feio, e não discute comigo.
     — Tá bom. Calei. – Ela estendeu as mãos fazendo sinal de rendição e voltou a fazer sua maquiagem gótica.
     — Vamos Emily – Gritei à minha vizinha, que estudava comigo.
     — Vamos. – Me respondeu ela.
     — A professora de geografia passou alguma coisa? – Perguntei.
     — Não sei, e se ela passou, eu não fiz.
     — Nossa! Quanta responsabilidade.
     A Emily não era muito de fazer deveres, ela era mais do tipo amiga doida que gosta de zoar... Mas ela era muito boa amiga, tinha seus defeitos, claro, mas ela era gente boa.
     — Rs, credo Kate, é isso que você acha de mim? Logo eu que sou tão quietinha na sala...
     — Imagina se bagunçasse...
     Ela riu do que eu falei e seguimos pra escola em silêncio.
     — Oi Linda Luna, – A Alana chamava a Emily assim- Oi Kate – Nos cumprimentou Alana.
     — Oi. – Respondemos juntas.
     — Kate me empresta o dever de geo? – Me pediu Alana quase implorando.
     — Ahan.
     Abri meu fichário e peguei as folhas.
     — Brigada.
     Carol não havia ido hoje à escola e não tinha ninguém para eu dividir minhas emoções.
     — E as novas Kate – Me perguntou Emily sentando- se ao meu lado.
     — Eu conheci um garoto incrível ontem, eu já tinha falado com ele no MSN.
     — Sério? E quem é?
     O nome dele é Brendon. Ele é alto, olhos castanhos, cabelo preto, tem 16 anos e estuda com minha irmã.
     — Caraca, olha a Kate.
     — Rs. Ah Emily, eu tô apaixonada por ele. Eu ainda lembro-me de ontem quando eu o vi pela primeira vez. Ele estava de uniforme e segurando um skate...
      — É bom a gente calar porque a professora já tá aí.
      — Toma Kate, brigada. – Falou Alana me devolvendo as folhas.
      — De nada amore!
      — Peguem os cadernos pra eu olhar e dar o visto no dever de casa pessoal. – Falou a professora de geografia andando pela sala.
      O restante do dia foi assim. CHATO, igual às aulas de geografia, nada de interessante como sempre. Apesar deu ter ficado o tempo inteirinho pensando nele, quando eu iria vê-lo de novo, se ele estaria lindo e perfeito, igual à primeira vez que o vi.
      Cheguei em casa e percebi que estava sozinha, minha irmã Rita avisara que sairia de tarde, tinha ido à casa de nossa amiga Samara.
      Fui almoçar e depois arrumei toda a casa. Peguei meu celular e liguei pra Carol, queria saber por que ela não havia ido à escola hoje.
      — Oi Carol, Por que você não foi hoje?
      — Tô meio gripada, estava com febre de manhã.
      — Bem que eu desconfiei que você tava doente, você não é de matar aula.
      — Pois é, depois você me empresta a matéria de hoje...
      — Tá bom.
      — E o garoto, é Brendon né?
      — Ahan. Eu o conheci ontem. Ele é “lindoooooo”, é alto, cabelo preto e olhos castanhos.
      — Ah não, quero ver uma foto dele.
      — Só que não dá. Eu nem tenho ele no MSN nem no Orkut ainda.
      — E como você falou com ele?
      — Pelo MSN da minha irmã.
      — Ah tá! Mais e ele, o que achou de você?
      — Eu não sei. Mas ele me cumprimentou com um beijo no rosto.
      — Hum, que romântico...
      — Nem é. Eu nem te conto o que aconteceu.
      — Fala tudo, do início.
      — Tá. Foi assim: Ele tava vindo pelo outro lado da rua. Ele tava de uniforme e com um skate na mão, lindo, parecia um modelo desfilando numa passarela. Aí eles foram fazer o trabalho; quando a gente tava indo embora, eu fui inventar de subir no skate e acabei caindo...
      — Eita...
      — Mas teve uma parte boa, ele me levantou com suas mãos pela minha cintura e depois me convenceu a tentar de novo.
      — E deixa-me adivinha... Você caiu de novo?
      — Não, eu não caí. Ele segurou a minha mão enquanto eu andava e não me deixou cair. Foi muito fofo. Eu me arrepiei todinha.
      — Hum, que lindo...
      — É isso foi sim.
      — Kateeeeeeee – Emily me gritou da janela.
      — Já vô. – respondi – Tenho que desligar Carol, a Emily tá chamando...
      — Tá bom, tchau!
      — Tchau.
      — O que foi Emily?
      — Eu queria as folhas de matemática, eu não tenho nadica de nada.
      — Ah! Espera aí...
      Fui buscar as folhas lá e vi que tinha um dever pra fazer, dez questões que iam cair na prova e que era bom eu fazer.
      — Toma...
      — Brigada.
      — De nada.
      Fui fazer o meu dever de matemática e enquanto fazia, só conseguia pensar nele e acabei escrevendo o nome dele na questão três.
      Eu só conseguia pensar nele, não importando o que eu fizesse, falasse, pensasse ou visse... Só conseguia imaginar, ver ele, só ouvi-lo. Estava loca.
     
     

                       Capítulo 3
                                      Sonho
     
     O sol coberto pelas nuvens escuras dizia que ia chover, e choveu.
     Fui para o meu quarto, peguei meu MP4 e coloquei no álbum de Evanescence – era a única banda, fora as gospels, que eu ainda gostava. Peguei os meus livros e comecei a fazer o meu resumo das matérias que sempre fazia antes das provas.
     Ouvi alguém chamar no portão e fui ver quem era pela janela. Era o Brendon e no mesmo instante me perguntei o que ele queria na minha casa essa hora e nesse dia. Eu estava sozinha, minha mãe estava no trabalho, meu pai também e minha irmã estava na casa da Amanda, minha outra irmã.
     — Já vou – Gritei a ele da janela.
     Corri depressa para o meu quarto e me arrumei o mais rápido que pude.
     Saí e fui até o portão.
     — Oi Kate. – Me cumprimentou ele.
     — Oi, Brendon eu estou sozinha, minha irmã não tá, nem meus pais.
     — E isso é ruim?
     — Não, quer dizer, eu acho que não. Você quer entrar?
     — Quero sim.
     Abri o portão para ele timidamente. Entramos e eu sentei-me no sofá, ele sentou-se também ao meu lado.
     — Você quer alguma coisa? Água? Um suco?
     — Não, eu quero outra coisa.
     — O que?
     — Eu quero você...
     — Ooooo queeeeeee? – Gaguejei infinitamente as palavras que quase não saíram.
     — Eu quero você Kate, eu tô apaixonado por você, dês do primeiro dia que eu te vi.
     — Fiquei sem palavras e imóvel. Até que consegui dizer duas palavras.
     — Eu também.
     Ele ficou calado por um minuto
     — Que bom porque eu estava com medo.
     — Com medo do que?
     — De você não gostar de mim. Eu gosto de você, mesmo, pra “caramba.”
     — Nossa! Eu achei que esse dia ia demorar a chegar.
     — Mas não foi isso que aconteceu...
     — É.
     Levantei-me e fui até a cozinha, precisava de um pouco de água.
     Quando fui pegar o copo, que ficava entre a geladeira e o armário – um cantinho meio apertado – ele estava de frente pra mim. Eu me arrepiei por um instante.
     — Kate, fica comigo?
     — Brendon, você sabe que eu... – Ele colocou o indicador nos meus lábios me impedindo de terminar a frase.
     — Não precisa falar nada.
     E quando consegui colocar meus pensamentos no lugar, estávamos nos beijando.
     De repente estava me perguntando: Hã? O que? Quando me dei conta, tinha sido apenas um sonho, um lindo sonho, maravilhoso e perfeito sonho.
     O relógio marcava 17:30 e eu, morrendo de felicidade, precisava contar meu sonho a alguém.
     Ainda como os pés descalços, eu saí correndo, desesperada, para fora.
     — Emilyyyyyyy – bati na janela dela e a gritava desesperadamente, parecia que eu ia enfartar.
     — Calma! O que foi Kate?
     — Eu tive um sonho, muito incrível, perfeito, lindo, foi agora e eu não podia deixar de te contar – pronunciei as palavras tão rápido que eu cheguei a ficar sem fôlego.
     — Respira – respirei calmamente a obedecendo. – Isso, agora me conta.
     Eu narrei o sonho a ela falando todos os mínimos detalhes e ela ficou super histérica.
     — Caramba, caramba, caramba! Já pensou se isso acontece mesmo?    
     — Claro que eu já pensei.
     — “Caraca velho”, isso foi muito massa.
     — Foi sim, nossa, eu nunca vou esquecer esse sonho...
     — Imagino.
     — Emy, eu preciso entrar tá?
     — Tá bom.
     Fui para o meu quarto e percebi que ainda estava ouvindo música.
     Desliguei o MP4 e me deitei.
     Esse sonho que tive foi um lindo sonho, mas eu sabia que eu não podia apressar as coisas. Com certeza iria dar errado.
     Eu dormi como um anjinho a noite toda e torci para sonhar com ele novamente. Se eu queria ver um anjo nos meus sonhos, teria que sonhar com ele, ele é o meu anjo.
     O celular não havia despertado hoje, percebi que era sábado.
     Minha irmã tinha marcado com o pessoal do grupo dela para fazer um trabalho lá em casa e o Brendon iria.
     Fui até a Emily novamente.
     — Emily, hoje você vai conhecê-lo...
     — Conhecer quem?
     — O Brendon. Ele vem pra cá hoje fazer um trabalho de grupo...
     Assim que terminei de falar a frase ele chamou no portão.
     Fui abrir o portão e ele me cumprimentou da mesma forma de antes, com um beijo no rosto.
     A Emily começou a fazer um sorriso irônico que mais parecia ser um sorriso de pessoa má.
     Ele entrou em minha casa com os amigos...
     — O que foi Emily?
     — Ele é lindo, Kate. Vou pegar ele pra mim.
     — Me diz uma coisa que eu não sei... E ele é só meu; somente meu, de mais ninguém. – Falei com tanta firmeza nas palavras que Emily chegou a se assustar.
     — Nossa! Tá bom, não quero mais.
     — É bom mesmo. – Começamos a rir juntas do que falamos.
     — Emily eu vou entrar tá bom... Sabe por que né?
     — É eu sei sim, Brendon.
     — É isso aí...
     Entrei em minha casa e falei oi para todos, eu ainda não conhecia todo mundo.
     — Oi galera, eu sou Kate. – me apresentei a todos.
     — Oi. – Falaram todos juntos. Começaram a se apresentar também.
     — Danielle, mas pode me chamar de Dani.
     — Você já me conhece – Falou Brendon.
     Eu dei uma leve risada.
     — Ana Paula...
     — Tatiana, ou Tati, se preferir.
     — Prazer a todos. Essa frase é esquisita. – Falei comigo mesma, mas alto demais.
     Todos riram.
     Eu sentei-me do lado de fora em um banco que tinha no meu quintal. Alguns minutos depois, Brendon sentou-se ao meu lado.
     — Oi Kate.
     — Oi. – Respondi com um tom de tristeza.
     — Você tá triste por quê?
     — Eu não tô triste, talvez só um pouquinho...
     — Ah! Sabe, eu queria te falar uma coisa...
     — O que? – Fiquei super elétrica quando ele terminou de falar a frase, comecei a imaginar o que seria...
     

                         Capítulo 4
                                         Decepção
     
     Ele permaneceu em silêncio por alguns segundos.
     — É que...
     — O que? Fala logo, você está me deixando curiosa...
     — É que eu tô gostando de uma menina...
     — Sério?
     Imaginei porque ele teria falado essa frase, “gay” ele não era. Comecei a sonhar que essa garota fosse eu.
     — É.
     — E quem é ela?
     — Ah você não a conhece...
     Essas palavras doeram profundamente em meu peito. Porque eu sonhara que essa garota fosse eu? Eu já imaginara iria me decepcionar, me magoar...
     — E o que eu tenho a ver?
     — Eu queria um conselho e se eu fosse falar com eles, – Falou ele apontando pra dentro da minha casa – Eles iriam zuar de mim.
     — Ah! Já entendi... E que tipo de conselho eu poderia te dar – Falei com desânimo total.
     — Eu queria que você me dissesse o que faria no meu lugar...
     — Bom... Seu você realmente gosta, de verdade, da pessoa, você deveria “abrir o jogo” se declarar, existe uma mulher que não goste desse tipo de coisa? Brendon, se você esta apaixonado de verdade, faça o que tem que ser feito – Falei as palavras com tanta emoção que comecei a lacrimejar.
     — Nossa! Obrigada.
     — De nada; eu fiz o meu melhor. – Falei com as lágrimas começando a cair.
     — Você tá chorando?
     — Não, acho que coloquei emoção demais nas palavras. – Dei uma desculpa “esfarrapada”.
     — Você está apaixonada também não é?
     — Não, é só que...
     — Ah, fala vai...
     — Eu acho melhor não.
     Entrei antes que ele insistisse de novo.
     Fui ao meu quarto e as lágrimas desceram. Fiquei bastante triste pelo conselho que dei ao garoto que eu amava. O dei de “mão beijada” a outra, o deixei escapar
     Ouvi alguém batendo na porta do meu quarto.
     — Entra – Falei.
     — Que foi Kate? Por que você está assim?
     — Não é nada Brendon...
     — É sim. Se você está triste eu vou ficar triste também. Não suporto ver uma menina tão linda chorando.
     — Obrigada.
     — Agora me conta vai.
     — Não existe nada pior do que um amor não correspondido...
     — É por isso?
     — É sim.
     — Não fica assim! Você vai ver tudo vai mudar.
     — Ele me fez deitar em seu largo ombro e depois me abraçou. Senti-me confortável com o calor de seu corpo e por um instante, insegura. Achava que a qualquer hora ele poderia estar beijando à outra, consolando a outra. Deixei os pensamentos pra lá e resolvi não estragar aquele momento, era o melhor de toda minha vida.
     — É melhor eu ir fazer o trabalho se não daqui a pouco vão me bater.
     — Tá bom, vai lá
     — Enxugue as lágrimas viu mocinha!
     — Tá bom.
     Depois de estar um pouco mais feliz e animada fui até a sala me juntar com o pessoal.
     — Entrei na sala cantando, bem baixo, um trechinho da música Bring me to live, de Evanescence.
     — How can you see into my eyes, like open doors...
     Quando percebi, estavam todos me aplaudindo. Perguntei-me como teriam ouvido se eu cantara tão baixo.
     — Você canta muito bem Kate. – Falou Brendon
     — Obrigada – Agradeci o elogio com um largo sorriso no rosto.
     — Você sorrindo fica bem mais bonita. – Falou ele.
     Dei um sorriso torto. Eu já estava vermelha em meio a tantos elogios.
     — Vem fazer companhia a nós, temos que cantar mesmo. Que tal nos dar uma mãozinha?
     — Tá bom. – Aceitei o convite sentando-me ao lado dele.
     Ele me abraçou e deu um leve sussurro em meu ouvido; fez o máximo de esforço pra ninguém ouvir.
     — Você é linda, e uma grande amiga Kate, obrigada.
     Fiquei feliz e triste ao mesmo tempo com aquelas palavras.


                     Capítulo 5
                                    Compartilhando Tristezas
     
     Já era noite e as lágrimas da decepção sofrida ainda corriam no meu rosto. Minha mãe sempre chegava tarde do trabalho, assim, poderia chorar o quanto quisesse até finalmente conseguir dormir.
     O celular despertou e fui até a escola. O fim de semana havia passado, mas minha tristeza não. Eu já imaginara que não conseguiria assistir aula, minha mente só conseguia lembrar-se daquelas palavras, no silêncio, só pensava nele.
     Quando estava indo a escola, quase não falei nada com Emily.
     — O que foi Kate? – Me perguntou Emily – Você está tão calada hoje, aconteceu alguma coisa?
     — Aconteceu sim, tudo Emy, tudo de ruim...
     As lágrimas começaram a cair e ela percebeu que eu estava realmente triste.
     — O que foi amiga? Por que você está tão triste?
     — O Brendon...
     — O que foi? Ele te machucou?
     — Machucou, machucou o meu coração, ele está apaixonado e me perguntou o que fazer...
     — E o que você fez?
     — Eu de idiota falei pra ele se declarar pra menina. Fora a coisa mais tola que eu fiz. Por que ao invés de falar pra ele ficar com a menina, eu não falei que gostava dele?
     — Ah! Amiga não fica assim!
     — Como não ficar? Depois disso, eu chorei, e ele veio me consolar e ainda disse que eu sou uma ótima amiga, AMIGA, sabe como isso doeu em mim?
     — Nossa! Se ele soubesse que você gosta dele, talvez ao menos vocês ficassem.
     — Talvez, mas agora não adianta nada, ele ama outra.
     — Percorremos o resto do caminho em silêncio e quando chegamos na escola fui direto pra sala, não abracei ninguém, como era de costume.
     — O que você tem Kate? – Me perguntou Carol.
     — Não é nada, não se preocupe.
     — Durante as aulas eu fiquei calada, não tinha motivos pra falar, o que foi ruim. A cada palavra que deveria dizer, e não disse, só fez lembrar-me daquelas palavras ditas por ele. As lágrimas começaram a cair.
     — Meu Deus!O que você tem? Por que você tá tão triste, chorando?
     — Fiquei calada.
     — Vai, me conta, por favor, quero te ajudar!
     — É que, o Brendon, ele tá apaixonado por outra.
     — É por isso?
     — É sim. Ah “véi”, eu tô triste mesmo, ainda que eu fale pra ele que eu o amo, não vai adiantar de nada.
     — Não fica assim não amiga; ele vai perceber que também gosta de você, agora enxuga as lágrimas vai!
     — Tá bom, eu vou tentar me animar.
     — É bom mesmo. Rum...
     — Rs!
     Depois de conversar com a Carol até que me animei um pouco. Ela me fez perceber que mesmo chorando por ele, minhas lágrimas não iriam adiantar; a final, ele não saberia que eu chorava por ele.
     — Eu tivera um horário a menos e fui à casa de minha melhor amiga Samara.
     — Samaraaaaaaaaa – A gritei do portão
     — Já vou – Respondeu-me ela.
     Esperei até que ela viesse abrir o portão.
     — Oi Kate
     — Oi Mara, tudo bem?
     — Tudo – Falou ela enquanto me abraçava.
     — Quando entramos cumprimentei sua mãe Marta e seu irmão Matheus.
     Matheus levantou-se e me deu um abraço e um beijo no rosto.
     Eu e Matheus éramos muito próximos, apesar de quase não nos vermos, ele era meu melhor amigo.
     — Como você tá? Tem tempo que a gente não se ver né? – Falou ele.
     — Pois é; eu tô bem sim.
     — Dirigi-me ao quarto de Samara para podermos ter um pouco de privacidade.
     — E então, quais são as “novas”?
     — Todas
     — Hum... Já até sei, esse seu sorrisinho tímido no rosto quer dizer felicidade, e acho que um pouco de tristeza também.
     — É eu tô feliz mesmo, e também triste.
     — E tem como ficar feliz e triste ao mesmo tempo?
     — Tem sim, vou te explicar
     — Explica mesmo que eu estou confusa.
     — Isso se resume em oito palavras: eu estou apaixonada, ele também está, por outra.
     — Nossa! Isso deve ser muito ruim.
     — É sim, pior do que você imagina.
     Samara foi terminar de se arrumar pra escola, ela estudava à tarde.
     Fiquei sentada em sua cama por algum tempo.
     — O que foi Kate? – Perguntou-me Matheus
     — Ah! Não é nada, eu só estou meio triste. Só isso
     — O que foi? Me conta...
     — É que... Nada, são problemas pessoais.
     Quando percebi estava chorando, e ele percebeu isso.
     — Não fica assim, tão triste, não suporto ver uma menina linda chorando, você e minha melhor amiga Kate, o que foi?
     Insistiu ele abraçando-me.
     Escapei de suas grandes mãos
     — Me deixa, por favor.
     Peguei minhas coisas e saí correndo.
     Eu estava do lado de fora quando estava vindo um carro, – buzinando loucamente, – em minha direção.
     Quando o carro já estava bem perto uma grande mão me puxa pra longe.
     — O que você tem? Você se drogou? Tá ficando louca?
     Abracei ele fortemente por ter salvo minha vida.


                          Capítulo 6
                                         Deixando a tristeza de lado

    

     — Ei, o que foi Kate? Eu nunca te vi assim...
     —
Ah Mateus. Muito obrigada, você salvou aminha vida.
     — De nada, mais agora me conta vai...
     — É só uma paixão na correspondida.
     — Não quer falar disso com alguém?
     — Pra falar a verdade, quero sim. Me leva em casa, eu ainda estou com os pensamentos fora de ordem.
     — Levo sim.
     No caminho, conversamos sobre besteiras. Ele, em todo tempo, tentando me fazer dar um sorriso.
     Quando chegamos o convidei para entrar.
     — Entra. Eu te explico tudo.
     — Tá bom.
     Quando entramos, ele sentou-se ao meu lado, no sofá.
     — Pode começar.
     Respirei fundo e comecei.
     — Bom, é que eu estou apaixonada por um menino. Ele tem sua idade e é muito bonito. Eu gosto pra caramba dele. E minha tristeza é porque ele também está apaixonado por outra menina.
     — Pelo menos é bonito. – Com essas palavras finalmente conseguira dar um sorriso. – É mais isso é horrível. Já sofri por isso também. “Tipo”, você amar a pessoa e não ser amado...
     — Pois é. Mas tudo passa. Ele pode me amar um dia...
     — Claro que sim, você é bonita, muito bonita, tem uma vida todinha pela frente, não gastes suas lágrimas por isso... Bom, mais agora eu preciso ir, tenho SESC agora de tarde. Abre lá o portão pra mim.
     — Não! Vou te deixar aqui, preso.  – Falei zoando.
     — Eu ligo pra policia e te denuncio por sequestro...
     — Não vai adiantar. Não vai ter provas.
     — Eu arrumo. Pego suas impressões digitais e coloco numa corda, que supostamente você usou pra me amarrar. Cuidado viu, eu sou perigoso.
     — Você não faz medo nem em uma mosca...
     — Rs. Tá, já chega; agora eu preciso ir mesmo.
     Ele levantou-se e me deu um abraço.
     Levei-o ate o portão e despedi-me dele.
     — Tchau Kate, fica “na paz” viu.
     — Rs, pode deixar.
     Mateus era meu amigo havia quatro anos. Apegamos-nos bastante e sempre dávamos conselhos um pro outro. Ele era meu melhor amigo, o único amigo homem que eu tinha. Samara também era minha melhor amiga. Eu a conhecera na igreja e depois ficamos “BFF”.
     — Eu entrei novamente e percebi que estava sozinha. Resolvi então arrumar a minha casa, já que não tinha outra coisa melhor pra fazer.
     — Quando terminei, liguei o computador e entrei em meu MSN.
    
     Alana diz:
     — Oi Kate.
     Kate diz:
     — Oi, tudo bom?
     Alana diz:
     — Tudo sim e você?
     Kate diz:
     — Também. E as “novas”?
      Alana diz:
     — Hoje vai ter uma festinha aqui na minha casa, “ta a fim” de vir?
     Kate diz:
     — Tá bom. Não tenho nada melhor pra fazer mesmo...
     Alana diz:
     — Então vem pra cá umas três horas...
     Kate diz:
     — Tá bom.
     Alana diz:
     — Vou sair aqui...
     Kate diz:
     — Tá bom, Tchau.
     Ela saiu do MSN e vi que eram 13:30. Almocei e depois fui tomar um banho pra ir à festinha de Alana.
     Coloquei uma blusa branca e uma saia de cintura alta preta. Fiquei um pouco elegante depois, mas bonita. Olhei para o relógio que já marcava 14:40; coloquei rapidamente uma sapatilha de camurça e vesti um bolero. Escovei meus dentes e saí apressada.
     Cheguei à casa de Alana e todos já estavam lá reunidos. Eram no máximo quinze pessoas. Ela me cumprimentou e me convidou para entrar. Alana me apresentou a um amigo dela chamado Alex.
     — Oi, Alex, prazer. – Falou ele comigo.
     — Oi, sou Kate.
     Ele me cumprimentou com um beijo no rosto.
     Fui pra varanda e fiquei lá por um momento
     — E aí Kate! Achei você uma gata! – Falou Alex
     — Rs, obrigada.
     — De nada. E “vem cá”, você tem namorado?
     — Não, não tenho
     — Hum. E então...
     — Então o quê?
     — Você quer ficar comigo? – Perguntou ele a mim.
     Fiquei parada e calada. Parecia até que eu tinha levado um enorme choque ou entrado em transe meditativo.